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Como Florença, cidade italiana que viveu seu auge na Idade Média, traz lições para os negócios atuais

Publicada em 12/08/24 às 15:52h - 40 visualizações

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Como Florença, cidade italiana que viveu seu auge na Idade Média, traz lições para os negócios atuais

Por Julio Campos, CEO no Compra Agora

A estátua original de David, que fica dentro da Galeria da Academia de Belas Artes de Florença, na Itália, é uma obra icônica e magnífica, mas que também é capaz de inspirar negócios do século XXI.

Não deixa de ser curioso olhar para a Idade Média e o início da Idade Moderna para entender como é possível navegar nos dias atuais, quando tudo evolui muito rapidamente. Especialmente para as empresas de gestão familiar, as transformações sociais, econômicas e tecnológicas correm em paralelo ao grande desafio que é perpetuar os valores intrínsecos aos negócios. Segundo o IBGE, 90% das empresas no Brasil são familiares e, de acordo com um levantamento realizado em 2023 pelo Fórum Brasileiro da Família Empresária (FBFE), 48% já estão nas mãos das segunda e terceira gerações. Diante desse cenário, passa a ser interessante observar a relação entre tradição e inovação que a Florença Renascentista apresenta em sua história.

David, a escultura que é o símbolo do Renascimento, datada do ano 1504, retrata o jovem personagem bíblico que dominou Golias, um gigante, naquilo que parecia ser um desafio insuperável. Sua história nos lembra que não podemos perder, nunca, o ímpeto da juventude, a coragem que temos quando estamos construindo novas histórias. O protagonismo jovem na sociedade, no mercado de trabalho e nas organizações deve ser incentivado.

Assim como o personagem, a estátua e seu criador, Michelangelo, também são grandes inspirações para as organizações modernas. Ao entregar a obra de presente para a cidade, o artista conquistou a juventude local da época e deixou um legado para o mundo. Os florentinos criaram laços e se identificaram com o monumento altivo, poderoso e aguerrido. Ali existia um propósito de vida, orgulho de ser italiano, o DNA do guerreiro. Assim como é hoje, foi importante construir essa conexão com a comunidade.

No passado, era comum produzir obras sob encomenda para a Igreja ou a nobreza. No entanto, Michelangelo foi além: a partir de um bloco maciço de mármore que havia sido rejeitado por 400 anos, esculpiu uma figura com veias dilatadas, curvas e expressão facial marcante. Foi inédito. David representa a inovação oculta dentro de uma empresa consolidada, é preciso cavar para descobrir caminhos alternativos. Algo a se pensar atualmente, quando 30% das empresas familiares chegam à 3ª geração e apenas metade disso, ou seja, 15%, sobrevive a ela, segundo estudo do Banco Mundial.

Quando Michelangelo recebeu o bloco de mármore, a peça já havia sido trabalhada por alguns escultores, não era totalmente virgem. Quando finalmente iniciou seu trabalho, encontrou um caminho percorrido. Ele se adaptou. Outro ponto interessante é que o gênio renascentista soube criar algo extremamente compatível com seu tempo e com a expectativa do século XV, seguindo sua intuição. Para a escritora islandesa Hrund Gunnsteinsdottir, que encontrei na Itália e em breve lançará o livro “InnSæi: Curar, reviver e zerar com a arte islandesa da intuição” (em tradução livre) no Brasil, enxergar de dentro para fora é uma ferramenta extremamente poderosa. Em um mundo soterrado por estímulos, o silêncio interior pode trazer revelações intensas. Esvaziar o poço para preenchê-lo com informações mais úteis é uma ótima estratégia.

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Investir nas pessoas e na qualidade

Florença inscreveu seu nome no mundo graças à perspicácia da família Medici, que apostou no mecenato artístico, gerando um ambiente de criatividade, onde não se falava em outra coisa, e deu oportunidades para mestres como Michelangelo despontarem. Formar equipes e incentivar suas fortalezas é uma excelente maneira de fazer os talentos brilharem. Por anos e anos, a Toscana respirou arte porque se tratava de um valor muito apreciado por quem comandava a região. Podemos dizer seguramente que a cidade medieval vive até hoje desse pioneirismo.

No entanto, mesmo escrevendo seu nome na história, a dinastia Medici não soube digerir as mudanças do tempo, esqueceu do “cliente”, no caso, o povo. Informar-se sobre as tendências, entender que certos temas não são modas passageiras, é uma questão de sobrevivência.

Por fim, David tem trazido preocupação para quem cuida da sua manutenção. Sabe-se que os passos dos turistas ao redor andam prejudicando a estrutura da estátua, mas ter sido produzido com qualidade é o segredo da existência desse “menino de 520 anos!”.




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